quarta-feira, maio 28, 2008

TRISTEZA, MEUS HERÓIS MOSTRAM infelizmente, FRAQUEZA...

RECEBI POR MAIL ESSE TEXTO QUE PUBLICO ABAIXO, DE UM AMIGO QUE COMO EU, VIVEU, SONHOU E SOFREU COM ESSE MOSTRO SAGRADO DO NOSSO IMAGINÁRIO...
JÁ TINHA LIDO ESSE ARTIGO ANTES E TIVE DOIS MOMENTOS DISTINTOS DE REACÇÃO AO TEXTO, UM ANTES DE VER O FILME, OUTRO DEPOIS.
MAS A VERDADE MEUS AMIGOS É QUE O AUTOR ESTÁ COBERTO DE RAZÃO, INFELIZMENTE...
INDY, NENHUM DE NÓS MERECIA ISSO.

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Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal

Conhecem aquela sensação de reencontrar na rua, 20 anos depois, a rapariga por quem estivemos perdidamente apaixonados na adolescência? Um filho em cada braço, as peles descaídas, o olhar mortiço, todo o glamour ruído pelo tempo – um atentado tão profundo à nossa memória que nos leva a amaldiçoar o destino por ela se ter cruzado novamente connosco. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal causa precisamente essa sensação de “eu preferia não ter visto isto”. A trilogia mágica dos anos 80 é uma parte demasiado importante da nossa memória para ser tratada de forma tão desinspirada.

Sem dúvida que há neste filme um problema de idade – mas não é de Harrison Ford. Do alto dos seus 66 anos, ele ainda é um Indiana Jones capaz de atirar o esqueleto ao chão e fazer estalar o chicote com destreza. Quem manifestamente envelheceu – e ao ponto de comprometer a frescura do projecto – foi a dupla Steven Spielberg e George Lucas.

O primeiro dirigiu a rodagem com a falta de inspiração que só se aceita aos tarefeiros. O ritmo é lento, as cenas sucedem-se sem fluidez e a história do regresso ao cinema artesanal das séries B, em tempos de novas tecnologias, é, pura e simplesmente, uma treta.

O segundo, que é o primeiro responsável pelo argumento do filme – um desastre assinado por David Koepp, após várias tentativas falhadas por parte de outros escritores –, mostra que as suas capacidades para avaliar uma boa história já conheceram muitos melhores dias. Se a segunda trilogia de A Guerra das Estrelas já o mostrava, o argumento deste Indiana Jones acaba com quaisquer dúvidas.

Somando um mais dois, resulta isto: um filme com um argumento sem um pingo de graça, que compromete tudo; e uma mentira gigantesca, sobre o alegado retorno ao cinema com décors verdadeiros, perseguições reais e duplos de carne e osso, contra a ditadura do fundo azul. Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal está cheio – mas mesmo cheio – de cenas manipuladas por computador, desde o primeiro plano até ao apocalipse final. Se isto é artesanato, é artesanato made in Taiwan.

Esta poderia ser apenas uma mentirinha mais ou menos inocente propagada pela produção não fosse ela ser tão emblemática daquilo que falha neste quarto volume da série: o verdadeiro espírito Indy não está lá. Sim, há a procura de uma misteriosa caveira de cristal, como se procurava a Arca Perdida ou o Santo Graal. Sim, os maus estão a tentar obter poderes terríveis e Indiana está lá para se opor a eles. Mas aquele cruzamento perfeito entre aventuras loucas, os cenários mais inventivos, a bicharada mais nojenta e o sentido de humor mais apurado não se encontra por aqui.

Centrar o filme na década de 50 foi uma decisão inteligente, que assume a idade de Harrison Ford, muda o palco dos acontecimentos e substitui os nazis pelos russos sem grandes problemas. Centrado nos ambientes dos fifties, o primeiro terço da história, embora não entusiasme ninguém, tem algumas cenas bem conseguidas, desde a explosão da bomba atómica, logo no início, até à fuga de mota, após o primeiro encontro entre Ford e LaBeouf. Mas a partir daí, se calhar porque a montanha é russa, é sempre a descer.

O muito falado Shia LaBeouf, que faz de filho de Indiana Jones e entra em cena vestido como Marlon Brando em O Selvagem, nunca chega a ser um contraponto realmente cativante, mesmo tendo todas as potencialidades para isso. Basta compará-lo com Jonathan Ke Quan, o magnífico “Minorca” de Indiana Jones e o Templo Perdido, para se perceber a diferença. E mesmo a sua “mãe”, a regressada Karen Allen de Os Salteadores da Arca Perdida, não oferece mais do que duas ou três tiradas curiosas a Indiana, sem graça particular. Vale a pena repeti-lo, a Spielberg e a Lucas: é o argumento, estúpido!

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal não é um filme mau. Ninguém vai bocejar duas horas e, no campeonato dos filmes de acção, não é com certeza do pior que se encontra nas salas. Mas a sua mediania é de tal modo frustrante que mais valia Spielberg, George Lucas e Harrison Ford terem ficado quietinhos. Porque, de facto, isto não é bem uma sequela: é mais uma homenagem ao que ficou para trás, com muitas piscadelas de olho. Ora, para homeagear o passado, já existem os DVDs. E homenageiam-no muito melhor.

João Miguel Tavares (timeout.sapo.pt)

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MARCELÃO, UM GRANDE BEM HAJA PARA TI E CONFORME TE DISSE, SÓ ESPERO QUE OS CARAS NÃO OUSEM SEQUER TOCAR NO TUBARÃO, ET E CONTACTOS IMEDIATOS...
:-(