domingo, maio 11, 2008

JÁ NÃO É DE HOJE QUE AMO "PAGAR A CONTA" ÀS PESSOAS DE QUEM GOSTO.

NA REVISTA TIME OUT DA SEMANA PASSADA SAIU UM TEXTO QUE MUITO ME DIZ RESPEITO E PARTILHO AGORA COM VOCÊS.
DIVIRTAM-SE E NÃO ABUSEM SE FAZ FAVOR.
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Amamos: Pagar a conta.

É um prazer infantil, próprio de quem nunca teve um tostão para fazer brilharetes. De quem se encolheu muitas vezes na cadeira no momento em que o namorado ou a namorada pagava a conta (não por ser muito querido, mas porque era o único a ter mais de três euros de saldo até ao fim do mês).
De quem ponderou engasgar-se com wasabi para desviar a atenção do momento em que falta dinheiro para pagar o buffet japonês. Gostar de pagar a conta é próprio de quem não pode pagá-la. De quem, sabendo-se pelintra, sonha ter dinheiro para convidar dez amigos para jantar e chegar à sobremesa a dizer: “Hoje é por minha conta.” Não só porque parece rico, mas porque parece generoso.
Depois há o outro lado: pagar a conta para ajustar contas antigas. Puxar da carteira e dizer: “Eu posso, está bem? Eu posso!” E ainda o grito de revolta. Quando foi a última vez que um amigo seu subiu a uma cadeira no meio de um nepalês /italiano/chinês/todos os anteriores e gritou alto e bom som “Meus amigos, hoje quem paga sou eu!”? Não acontece! Porque quem pode pagar é forreta. E é também por isso que amamos pagar a conta. Porque mesmo que tenhamos que gastar todo o plafond do cartão de crédito mostramos que o dinheiro não tem importância para nós. Pagar a conta é um direito. Até de quem não tem dinheiro.

Ângela Marques
terça-feira, 29 de Abril de 2008